Semeando a Paz (também no trânsito)

Em homenagem as educadoras de Valparaíso (GO) que discutiram

a questão do trânsito em sua essência e nos premiaram com

práticas que realmente alcançam os objetivos a que se

propõe e nos permite entender o conceito real do

que deve ser um projeto na Educação Infantil.

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Semeando a Paz (também no trânsito)

Projeto posto em prática por professoras de Valparaíso (GO) visa minimizar as ações, os hábitos e os gestos de violência entre as crianças.

por Ana Lúcia Neiva

           A crescente onda de violência que pairo sobre nossas vidas inspirou a pedagoga Aida de Cássia Botelho a criar, em 2007, o Projeto Paz, executado na Escola Municipal de Educação Infantil Pedacinho do Céu, com o apoio das colegas Enice, Eliane, Luciles, Maria Luzinete, Priscila e Marluce Reis - esta, aliás, responsável por enviar o material para o Guia Prático. "Deu tão certo que repetimos a dose do ano passado", conta a professora. Tudo começou com a observação de atitudes agressivas dos pequenos estudantes manifestadas em gestos, olhares, palavras e brincadeiras.

Plantando hoje, colhendo amanhã

           A saída, então, foi apostar na "ética" aplicada em quatro "ambientes": convivência familiar, cidadania no trânsito, comunidade e escola (confira a seguir). A educação infantil é um terreno fértil para trabalhar a questão. Assim, nas fases posteriores - pré-adolescência, adolescência e adulta - já está sedimentada uma consciência pacífica da convivência com o outro e na resolução dos problemas do cotidiano", justifica Marluce Reis.

1º Bimestre: ética e sociedade

           Trabalhando com temas norteadores sobre ética e convívio social, o corpo docente desenvolveu atividades de dramatização, jogos, contação de histórias, cantigas de roda e confecções de diversos murais. [...]

           Uma atividade sugerida é a encenação do livro Menina Bonita do Laço de Fita, de Ana Maria Machado (Editora Ática): conte a história para as crianças e faça um teatrinho sobre o livro; convide toda a escola e os pais para assistir à apresentação dos alunos; enfatize sempre os valores que o texto mostra o tempo todo.

2º Bimestre: família e comunidade

           Pais, amigos e vizinhos foram envolvidos no projeto por meio de palestras e reuniões com vídeos, que apontavam o contexto em que a violência se apresenta e a necessidade de agir contra esse mal.

           As crianças desenvolveram murais e cartazes que abordam a violência e a não violência, onde ela se encontra e o que fazer para inibi-la.

           Em comum acordo com as professoras, os pais passaram a não permitir que as crianças tivessem acesso a filmes e games violentos. Eles também não deixaram que os pequenos abrissem mão da responsabilidade com os afazeres, de cooperar com o outro.

           Coube à comunidade evitar que qualquer criança participasse ou presenciasse situações de violência.

3º Bimestre: cidadania no trânsito

           As crianças fizeram um álbum com imagens educativas, entregando-o à Secretaria de Educação; desenvolveram o mapeamento do estacionamento adequado na frenta da escola; promoveram uma blitz em via pública com planfletagens e asssistiram à apresentação do Grupo de Teatro Rodoviário da Polícia Militar do Distrito Federal.

4º Bimestre: passeata pela paz

           Com o propósito de conclamar uma visão reflexiva na busca de alternativas para  a não aceitação da violência, trabalhou-se a paz nas escolas vizinhas da rede particular e pública, além de toda a cidade.

Como? Convites foram distribuídos para que todos participassem de um desfile em protesto à violência explícita e silenciosa, "que sufoca, inibe e amedronta cada vez mais a humanidade", conclui Aida.

Fonte: NEIVA, Ana Lúcia. Semeando a Paz (também no trânsito). Guia Prática para Educadores de Educação Infantil. Cotia: Lua, abr. 2009. ano 7, nº 70.