terça-feira, 31 de maio de 2011

A reorganização do espaço da sala de educação infantil: Teoria Histórico-Cultural

          Pensar na reorganização do espaço das salas de Educação Infantil é pensar na criança. É dar condições para que o processo ensino-aprendizagem aconteça de acordo com os objetivos destinados a essa estapa da educação formal e permitir o desenvolvimento integral dos pequeninos. É entender que o espaço físico e cada disposição de móveis, objetos e materiais pode - ou não - contribuir com este momento ímpar.

Fonte: Nova Escola

          E, ao me sentir tão incomodada com a falta de cuidado com a construção das creches e pré-escolas, que tenho visto, e com a organização das salas de educação infantil com base em modismos e ideologias do mundo neo-liberal (com o uso de personagens de desenhos comerciais) compartilho convosco algumas falas da dissertação intitulada "A reorganização do espaço da sala de educação infantil: uma experiência concreta à luz da Teoria Histórico-Cultural" de Eliza Revesso Vieira, mestre em Educação pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Ciência "Julio de Mesquita Filho", campus de Marília.

A reorganização do espaço da sala de educação infantil: uma experiência concreta à luz da Teoria Histórico-Cultural
Eliza Revesso Vieira

          Inicio fazendo referência a uma citação de Ana Lucia Goulart de Faria apud Eliza Revesso Vieira que relata que quando a organização da sala infantil esta adequada, ela permite:
a) o direito à infância sem antecipar a escolaridade do ensino fundamental (no entanto, sem esquecer da necessidade de levar em conta a continuidade destes segmentos da educação das crianças principalmente daquelas de 0 a 10 anos);
b) um ambiente educativo que contemple a indissociabilidade do cuidado/educação das crianças pequenas;
c) o respeito aos direitos fundamentais das crianças; (FARIA apud VIEIRA, p.21)
          Vieira relata: "[...] a infância hoje é resultado de processos políticos e econômicos, ou seja, a globalização causa efeitos contraditórios e complexos na identidade da infância contemporânea." (2009, p. 15). E, que este paradoxo entre crianças no trabalho e presa em espaços que as tornam consumidoras.

Portanto, hoje temos crianças exploradas no trabalho infantil ou abandonadas vivendo nas ruas e, por outro lado, enclausuradas e isoladas nas casas assistindo televisão, jogando vídeo game ou usando o computador, frequentando escolas com estruturas rígidas, maçantes e com numerosas tarefas resultantes de aulas de idiomas, música, crianças com a agenda cheia de compromissos com aulas de natação, balet e judô. (VIEIRA, 2009, p. 15)
          Todo esse excesso de atividade serve à permanência de uma sociedade capitalista, globalizada, e não as necessidades infantis. Por isso, "[...] a escola de educação infantil tem-se tornado um espaço necessário para o cuidado e educação das crianças pequenas e pode se tornar uma garantia do direito à infância e a melhores condições de vida coletiva entre pares". (VIEIRA, 2009, p. 16)
          Garantir os direitos da criança também é pensar numa arquitetura que contribua para o seu desenvolvimento pessoal e social.
Deste ponto de vista é importante pensar em espaços que asseguram as diferentes formas de brincar, possibilitando que a brincadeira seja vivida como experiência de cultura e como elemento fundamental para o desenvolvimento das potencialidades e habilidades das crianças. (VIEIRA, 2009, p. 16)

          Vieira nos diz que " Neste sentido, o espaço físico é visto por teóricos como Edwards, Gandini e Forman (1999), Faria (2000), Galardini e Giovannini (2002), Rinaldi (2002) e Russo (2007) como elemento fundamental para possibilitar interações sociais entre crianças e seus pares e com adultos, como um local para transmissão da cultura, brincadeira e desenvolvimento pleno. (2009, p. 16)           Por isso, conforme Rinaldi

          A escola infantil tem que permitir que a criança se sinta parte. Enquanto instituição de formação do homem cabe a ela dar condições para que o homem se identifique e se sinta parte dela.
O ambiente escolar deve ser um lugar que acolha o indivíduo e o grupo, que propicie a ação e a reflexão. Uma escola ou uma creche é antes de mais nada, um sistema de relações em que as crianças e os adultos não são apenas formalmente apresentados a organizações, que são uma forma da nossa cultura, mas também a possibilidade de criar uma cultura. [...] É essencial criar uma escola ou creche em que todos os integrantes sintam-se acolhidos, um lugar que abra espaço às relações. (2002, p. 77 apud VIEIRA, 2009)
           Sob esta ótica, as instituições de educação infantil devem organizar o espaço de modo que priorizem os objetivos pedagógicos e ao mesmo tempo contemplem a diversidade cultural, visando combater aquelas formas de atividade que se cristalizam na educação das crianças pequenas e que pretendem ser as únicas e certas discriminando as outras tantas.
           Esse espaço não pode ser uma estrutura rígida e uniforme. Precisa ser pensado, bem organizado a fim de propiciar a participação e a autonomia infantil.
           Ao definir o espaço o professor deve priorizar "[...] o autoconhecimento, a autonomia e o desenvolvimento das habilidades, cognitivas, afetivas, social e cultural, [...] (VIEIRA, 2009). Mas, para que isso aconteça é preciso que ele favoreça a interação das crianças maiores com as menores e com as com necessidades especiais.

           Para Faria (2002), segundo Vieira, é importante considerar a flexibilidade para a criança poder escolher a atividade que vai realizar e para a distribuição das crianças em pequenos grupos. (2009, p. 20).
           Assim, a organização deve estimular e provocar autonomia da criança, criando locais amplos, que permitam liberdade de movimento. "Tudo deve estar ao alcance das crianças [...]" (VIEIRA, 2009, p. 20). Os espaços devem estar organizados para promover "[...] um melhor tempo e a realização das atividades. Deve-se encorrajar as atitudes das crianças, fazendo-as sentir-se parte do espaço.

É importante que a organização espacial demonstre seu respeito às crianças pela forma como está arrumada e conservada. Para isso, os trabalhos realizados pelas crianças devem estar em exposição. A primeira preocupação com as reformas na creche deve ser a de melhorar os espaços usados pelas crianças. Para garantir que elas tenham direito ao contato com a natureza, a creche precisa ter plantas e canteiros em espaços disponíveis; as crianças devem ter direito ao sol; direito a brincar com água, areia, argila, pedrinhas, gravetos e outros elementos da natureza; devem ter oportunidade de visitar parques, jardins e zoológicos. (VIEIRA, 2009, p. 22)


EM CONSTRUÇÃO!!!!!!!!!

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Para ler o texto na íntegra, clique aqui.
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Referência:
VIEIRA, Eliza Revesso. A reorganização do espaço da sala de educação infantil: uma experiência concreta à luz da Teoria Histórico-Cultural. Marília, 2009. 123 f. Disponível em: <http://www.marilia.unesp.br/Home/Pos-Graduacao/Educacao/Dissertacoes/vieira_er_me_mar.pdf>.

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